O acarajé é mais do que um simples bolinho de feijão frito, é um símbolo da cultura afro-brasileira, é um patrimônio gastronômico que transcende o paladar e se entrelaça com a história e a identidade de um povo. Sua origem remonta à África Ocidental, onde era conhecido como “akara”, e foi trazido ao Brasil pelas mãos dos escravos, que o adaptaram aos ingredientes locais, criando um sabor único e autêntico.
A história dessa iguaria se confunde com a história da própria diáspora africana. Acredita-se que sua origem esteja ligada ao povo Iorubá, na região da Nigéria e Benin. Lá, era um alimento sagrado, oferecido aos orixás como forma de agradecimento e pedido de proteção.
Ao serem trazidos para o Brasil, os escravos mantiveram a tradição de preparar o akara, adaptando-o aos ingredientes disponíveis. O feijão-fradinho substituiu o feijão-bico original, e o azeite de dendê, extraído da palma africana, conferiu ao bolinho um sabor e aroma inconfundíveis.
Ao longo dos séculos, se tornou mais do que um simples alimento. Era um símbolo da resistência cultural dos negros escravizados, uma forma de manter viva sua identidade e suas tradições em um ambiente hostil e opressor.
As baianas de acarajé, mulheres negras que vendiam o bolinho nas ruas, desempenharam um papel fundamental na preservação da cultura afro-brasileira. Elas eram empreendedoras, independentes e protagonistas de sua própria história, desafiando as normas sociais da época.
O acarajé foi reconhecido como patrimônio cultural imaterial do estado da Bahia em 2012, e em 2018 recebeu o título de patrimônio cultural imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Esses reconhecimentos oficializam a importância cultural e histórica desse prato, que se tornou um símbolo da identidade baiana e da cultura afro-brasileira.
Hoje, é um dos pratos mais emblemáticos da culinária baiana, apreciado por pessoas de todas as origens e classes sociais. É um símbolo da rica cultura afro-brasileira e da miscigenação que define o povo brasileiro. Mais do que um sabor delicioso, ele representa a resistência, a força e a criatividade de um povo que lutou por sua liberdade e identidade.
Como fazer
Ingredientes:
- 500g de feijão-fradinho
- 1 cebola picada
- Sal a gosto
- Azeite de dendê para fritar
- Vatapá
- Caruru
- Vinagrete
- Camarão seco
- Pimenta a gosto
Modo de preparo:
- Deixe o feijão-fradinho de molho por pelo menos 4 horas.
- Escorra o feijão e bata no liquidificador até formar uma massa homogênea.
- Adicione a cebola picada e o sal à massa e misture bem.
- Aqueça o azeite de dendê em uma panela funda.
- Com as mãos molhadas, modele a massa em bolinhos redondos e achatados.
- Frite os acarajé no azeite de dendê até dourarem.
- Abra os bolinhos ao meio e recheie com vatapá, caruru, vinagrete, camarão seco e pimenta a gosto.
- Sirva quente e saboreie!
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